domingo, 30 de março de 2014

Propaganda e imagem na Era Vargas - Ellen Alves



Vargas e outros membros de seu governo usaram a propaganda para conquistar a simpatia popular. Essa estratégia foi comum a diversos ditadores nas décadas de 1930 e 1940, como o argentino Perón, italiano Mussolini, o alemão Hitler e o soviético Stalin.
Desde 1931, a propaganda de governo no Brasil era feita pelo Departamento Oficial de Propaganda, que em dezembro de 1939  foi substituído pelo Departamento de Imprensa e  Propaganda (DIP). Os funcionários deste órgão, ligado à presidência da República, coordenavam a propaganda oficial e censuravam os trabalhos artísticos – como discos, filmes e peças teatrais – e os meios de comunicação de massa – como rádio e jornais. No DIP, eram feitos e distribuídos milhares de cartazes que apresentavam Vargas como “salvador da Pátria”.

Os técnicos do DIP produziam também o programa “Hora do Brasil”, que as rádios de todo país eram obrigadas a transmitir. Nele o governo divulgava suas realizações (nunca erros ou fracassos), embora nem todos os brasileiros parecessem interessados nisso. O Hora do Brasil também era chamado de “Hora do desliga” ou “ O Fala Sozinho”,  já que muita gente desligava seus aparelhos no horário das transmissões. Atualmente, o substituto desse programa é A voz do Brasil.


A Hora do Brasil


A arte e a ditadura

Getúlio Vargas fazia o possível para que intelectuais e artistas colaborassem a favor da ditadura que ele comandava. Foi apoiado por várias pessoas, como o poeta Cassiano Ricardo, o sociólogo Oliveira Viana e o jurista Pontes de Miranda. Na música popular, o governo encomendava canções com letras favoráveis à sua política a compositores famosos, como Ataulfo Alves, Wilson Batista e Benedito Lacerda.

Em 1943, Getúlio completou 60 anos de idade, com uma comemoração que acabou se tornando pública. Em homenagem ao aniversário do ditador, Benedito Lacerda e Darci de Oliveira compuseram o samba Salve 19 de abril,  que foi gravado  por Dalva de Oliveira, uma das cantoras mais célebres da época. 


A propaganda do governo difundia a ideia de que os operários viviam melhor depois da instalação da ditadura de Vargas. Mas, às vezes, os artistas conseguiam escapar da vigilância dos censores do DIP e gravavam canções discordando dessa ideia. Dircinha Batista, famosa cantora do rádio da década de 1940, cantava músicas sobre as dificuldades que os trabalhadores enfrentavam todos os dias, como Sete e meia da manhã, de autoria de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, composta em 1945.


Estou tão cansada
De ouvir todo dia
A mesma toada
O apito da fábrica a me chamar
Levanta da cama e vem trabalhar
Mas que viver desesperado! 

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