domingo, 30 de março de 2014



O Cinema Nacional na era Vargas
Renata Guimarães

Abertura do Cine Jornal Brasileiro: os pequenos documentários de propaganda 
eram exibidos obrigatoriamente antes dos filmes durante o Estado Novo



 Alguns filmes eram essencialmente nacionalistas, exaltando figuras históricas ou fazendo apologia à política forte de Vargas, para muitos, necessária naquele contexto histórico e econômico.A aproximação do presidente com a classe cinematográfica se deu tanto em relação aos produtores, financiando filmes e viabilizando através de leis a obrigatoriedade da exibição de filmes de curta-metragem, quanto com os técnicos, regulamentando a profissão, permitindo um campo de trabalho com alguma estabilidade.
  Alguns cineastas batalharam para fazer do Estado o grande mecenas do cinema brasileiro, reivindicando, portanto, que ele desempenhasse um papel ativo e protetor dessa atividade cultural para fazer frente ao cinema norte-americano, muito bem situado no mercado brasileiro. Atendendo aos apelos da classe, o governo decretou, em 1932, a lei de obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais. Com o apoio de Vargas, a indústria cinematográfica, até então deficitária, conseguiu equilibrar-se. Getúlio Vargas foi considerado pela categoria beneficiada como o "pai do cinema brasileiro".
  O cinema era utilizado amplamente para fazer de Vargas um homem verdadeiramente conhecido em todos os pontos do país. A sua imagem, quase sempre sorridente, despertava no povo a esperança de dias melhores e projetava para o povo a idéia de que ele encarnava de fato o "Pai dos Pobres". Essa idéia tornou-se consenso, sobretudo entre as classes populares formadas por uma multidão de homens e mulheres simples do povo, operários e demais trabalhadores urbanos.
 O cinema recebeu especial atenção porque nessa época a imagem passou a ser considerada como instrumento importante para a conquista das massas. Os ideólogos do Estado Novo e o próprio Vargas demonstraram grande interesse nesse campo. O governante concebia o cinema como veículo de instrução e, nesse sentido, declarou "o cine será o livro de imagens luminosas em que nossas populações praieiras e rurais aprenderão a amar o Brasil. Para a massa de analfabetos, será a disciplina pedagógica mais perfeita e fácil".
 Esses filmes eram também uma fonte alternativa para se contrapor à hegemonia da produção "hollywoodiana" que já nos anos 30/40 inundava o mundo com suas histórias, seus costumes e com o "american way of life". Possibilitar um fortalecimento dos filmes nacionais, que empregavam técnicos, atores, músicos, cantores, orquestras, enfim, a mão-de-obra nacional, e apresentavam o Brasil para os brasileiros de todas as regiões era algo muito importante para as pretensões de formação do caráter identitário por parte do Poder Executivo.

  
Cartaz do filme Olympia, de Leni Riefenstahl, cineasta do terceiro Reich, e propaganda do governo de Vargas: 
a inspiração alemã é nítida na estética da comunicação varguista. O culto ao corpo, ao trabalho e a
 vontade unidos pela pátria caracterizavam o período.

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