A ideia de cordialidade, como característica marcante do brasileiro, e estaria mal aplicada, pois o termo significa polidez, justamente o contrário do que queria dizer o autor. Segundo Sérgio Buarque de Holanda no Brasil não há uma distinção entre o público e o privados, os homens entendem o público como uma extensão da família e de sua casa. A cordialidade uma herança portuguesa reforçada por traços das culturas negra e indígena usada na esfera pública se torna individualista, se torna contrário à hierarquia, arredio à disciplina, desobediente a regras sociais.
A relação emocional com o externo é uma das características do brasileiro citado por Sérgio Buarque de Holanda, por muitas vezes demonstrada com intensidade se dissolve em intimidade, perdendo o respeito que outros povos demonstram pelo próximo.
Concordo em Buarque de Holanda dizer que o Estado não é uma ampliação da família, que entre eles existe até mesmo uma oposição por pertencerem a ordens diferentes, que não entender isso gera crises que podem afetar a sociedade. Concordo também quando ele diz que a vida no Estado burocrático é caracterizada pela ordenação impessoal. Porém, penso que, quando as características do homem cordial não ultrapassam os limites, invadindo assim a esfera pública do Estado burocrático, estas características não são de todo ruins. Pessoalmente entendo com muito positiva a inclinação do brasileiro para a vida em sociedade. Penso que, mesmo entre um superior e um subalterno é possível uma relação mais pessoal sem que esta extrapole os limites no sentido de vantagens pessoais. Como religioso e cristão, também acho que o rito mais flexivel e humanizado, a intimidade com a divindade não seja algo ruim. Não vejo nisso, necessariamente, perda de espiritualidade. Seja como for, este tema do “homem cordial” é algo que deve ser pensado pela sociedade brasileira para que os limites do público não sejam invadidos pelo privado e tenhamos assim uma sociedade mais justa, isenta e igualitária.
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