A MÚSICA EUROPEIA SEC XVI E SUAS INFLUÊNCIAS
Musicalmente, o principal estilo do século XVI foi a Polifonia dos compositores da região franco-flamenga (Espanha, França, Países Baixos). Em geral a música desse tempo tem por características fundamentais a existência de uma completam mestria em contraponto: liberdade melódica e rítmica e ao mesmo tempo beleza textura melodiosa como um todo; uma tranqüilidade de ânimo prevalece na música litúrgica; a atmosfera sacra da música, que não atrai atenção para ela própria, constitui um veículo religioso perfeito para a adoração.
Abaixo acompanhe uma das letras e a música compostas na época:
Compositor: Nicolas Gombert (espanhol)(1495-1560)
Descrição: Composição dedicada ao imperador Carlos V
MAGNIFICAT (Tradução)
Minha alma exalta o Senhor
E meu espírito exulta de alegria Em Deus, meu Salvador
Porque Ele olhou Para a humildade de sua serva Doravante todas as gerações
Me proclamarão bem-aventurada
Porque o Todo-poderoso Fez por mim maravilhas
Santo é o Seu Nome
A sua bondade
Sobre aqueles que
O temem
Se estende de geração
Ele
Seu braço
Dispersou os homens
De pensamento orgulhoso
Precipitou os poderosos de seus tronos
E exaltou os humildes
Ele cobriu de bens os famintos
E os ricos despediu de mãos vazias
Lembrado de Sua bondade
Veio em socorro de Israel, Seu servo,
Como dissera aos nossos pais
Em favor de Abraão e da sua descendência
Para sempre Glória ao Pai Ao Filho
E ao Espírito Santo Assim como era no princípio
Agora e sempre Pelos séculos dos séculos
Amém
Influência na música indígena
A música indígena brasileira é parte do vasto universo cultural dos vários povos indígenas que habitaram e habitam o Brasil. Sendo uma das atividades culturais mais importantes na socialização das tribos, a música dos índios brasileiros é polimorfa e de enorme variedade, tornando impossível um detalhamento extenso no escopo de um único artigo. Discorre Vasco Mariz(cantor, musicólogo e diplomata brasileiro) que, nos dois primeiros séculos de colonização portuguesa, a música que se fez no Brasil (lê-se América portuguesa) estava diretamente vinculada à Igreja e à catequese.
A história da música indígena sempre será a mesma, com pequenas alterações à medida que são descobertos certos detalhes. Os primeiros registros desta música datam do século XVI com a chegada dos portugueses ao Brasil. O principal objetivo dos portugueses na época do “descobrimento” era obter riquezas, dominar e adaptar seu estilo de vida em novas terras, estes são uns dos fatores pelos quais a cultura indígena despertou pouco interesse na época, mas isto não significa que foi totalmente ignorada.
Os relatos da música indígena daquela época são vagos e de duvidosa aceitação. O primeiro pesquisador a registrar a música indígena em pauta foi Jean Lery, estudante de Teologia, entre 1557 e 1558, sendo os únicos relatos grafados desta época as anotações da música Tupinambá.
A música negra também tem interferência européia
Já música africana, além de características rituais, havia a produção intencional de músicas, sendo a grande contribuição as batidas ritmadas – a síncope). As levas sucessivas de escravos negros (desnecessário a especificação) que vieram da África iriam desempenhar um papel importantíssimo na história da música colonial no Brasil. Cabe porém frisar de início que a simbiose do folclore musical africano com a avassaladora bagagem cultural europeia foi muito lenta e quase imperceptível, nos primeiros séculos de colonização (o autor é um tanto eurocêntrico nas palavras, mas está correto).
Tudo oque era de origem escrava era desprezado e a progressiva ascensão dos mulatos na sociedade brasileira (lê-se, sociedade colonial na América portuguesa) em nada beneficiou a aceitação do populário africano.
Pelo contrario, o mulato no Brasil (lê-se, na colônia) timbrava por ignorar qualquer traço que o pudesse vincular ao continente de origem (apesar do próprio autor afirmar: “verifiquei pessoalmente fenômeno semelhante em um país andino: o mestiço, ou mesmo, o índio residente na cidade rejeitava vivamente as tradições rurais de seus irmãos vermelhos, na sua ânsia de ser aceito pela comunidade branca.”, ele usa termos de caráter generalizante, pois sempre há as exceções). No Brasil, a riquíssima contribuição africana para a música brasileira (redundante) só explodiu após a abolição da escravatura.O escravo e seus descendentes cada vez mais claros (branqueados?) se tornarão em breve os personagens mais significativos no terreno da música, uma vez que ainda naquele tempo o músico era nivelado aos criados ou empregados. Ademais, a musicalidade inata do africano o destinava a ser o intérprete ideal e, oportunamente, também o criador da música que se fazia então no Brasil (na colônia).
Os padres e os ricos importavam música escrita e instrumentos de Portugal, bem como da Europa. O francês Laval, que visitou a Capitania da Bahia em 1610, conta de um ricaço que“possuía uma banda de música de trinta figuras, todos negros escravos, cujo regente era um francês provençal”. Segundo o autor, a música no período colonial, portanto, permaneceu essencialmente européia apesar de exclusivamente interpretada por músicos mulatos ou negros (o autor pensa/pensou numa sociedade dividida em raças).
As atividades musicais foram de maior vulto na Capitania da Bahia e em Olinda,embora não se deva menosprezar o que ocorria no Rio de Janeiro (Capitania), São Paulo (Capitania de São Vicente), Paraná (Capitania de Santana), Maranhão(Capitania) e Pará (Capitania – século XVI).
O outro lado da música negra
Mas em seus “divertimentos” jongos, calundus e outros batuques, na visão dos fazendeiros eram verdadeiras válvulas de escape ou atenuantes à situação do cativo. Entretanto, nas bocas, mentes e corpos dos africanos e mestiços escravizados, os jongos podiam disseminar idéias e mensagens místicas ou políticas. Já os batuques podiam estimular os corpos dançantes que moviam o axé do grupo.
Todas as ações do colonizador dependiam deste grupo ruidoso: se venciam uma guerra era fatal uma festa ao som de batuques e calundus com música e dança. Se houvesse um acontecimento cívico qualquer, era certo mais uma kizomba daquelas. No século XIX a pompa da corte portuguesa com a modernização e o desenvolvimento da vida urbana aumentou o caldeamento cultural do Brasil. Aos batuques, jongos, umbigadas, lundus e fados disseminados pelo Brasil império, vieram se juntar as polcas, habaneras cubanas, tangos espanhóis, além de novos instrumentos musicais.
Sem uma definição muito marcada produziu-se aqui samba de coco (com a dança do miudinho), o baião no nordeste, o caxambu em Minas Gerais , o corta jaca, o samba de roda, tangos e habaneras com as danças do maxixe no centro do Rio de Janeiro. A capoeira e o maculelê apesar de estarem presentes neste contexto sonoro-corporal não eram vistos como danças ou músicas, mas, como lutas e contravenções dos negros e mestiços.
Os africanos escravizados não cantavam somente nas horas de folga, mas, também nos momentos de trabalho gerando os cantos de trabalho. Desta forma as metrópoles brasileiras tinham um grande número de cantores, percussionistas e dançarinos exibindo-se cotidianamente.
Alguns escravos forros e outros livres formavam pequenas bandas musicais na cidade do Rio de Janeiro, e logo, esta se tornaria mais uma fonte de renda: tocar em festas e eventos cívicos ou religiosos. A atividade musical dos negros escravizados foi tão importante e intensa, que nos anúncios de vendas de escravos dos jornais da época, constavam entre seus atributos positivos ser este um músico habilidoso e exímio instrumentista.
Ao sabor das síncopes percutidas, do canto responsorial, do ponto amarrado no jongo mistificando significados, dos improvisos sonoro-corporais, das gingas desenhando corpos e movimentos, dos olhares subentendidos, da sensibilidade e criatividade musical, fez-se ecoar a resistência cultural africana temperando diretamente a criação da cultura brasileira.
Ótima pesquisa sobre música colonial. Thamires, citar todas as fontes em respeito ao trabalho dos pesquisadores e para servir de referência a quem se interessar.
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