sábado, 24 de maio de 2014


À Palo Seco 
Belchior
                                                                                                                      
                                                                                                                            Renata Guimarães






Letra:

À Palo Seco


Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
– Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
Mas ando mesmo descontente.
Desesperadamente eu grito em português:
2x (bis)
- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês.
(2x)

Analisando a música:

À palo seco foi um termo usado para aqueles que agiam de forma repressiva, buscavam reprimir o florescimento da cultura nordestina, a criatividade brasileira.
Esse termo surgiu como voz ativa contra a formatação e reforma que cada vez eram explícitos nos Festivais Culturais de Poesia e Música Popular nos tempos da ditadura.
Inspirado no poesia de João Cabral de Melo Neto, Belchior gravou em 1974 o disco "À palo seco" que também traz uma canção com o mesmo nome. 

A letra da música, traz a nós um pouco da vivência das ditaduras que vão se espalhando pelo território sul-americano, sendo algumas delas (até mesmo a brasileira) patrocinada pelos EUA de certa forma a afastar o perigo eminente do socialismo, tendo visto que a ditadura mantinha a ordem no país! A música trata de uma rapaz jovem que em um ato de rebeldia, prefere manter suas raízes.
Ainda nesta música, Belchior responde a uma crítica do cantor baiano Raul Seixas e seu parceiro Paulo Coelho, que o chama de “latino americano que não tem cheiro nem sabor” na música “Eu também vou reclamar”. Enquanto Raul sonhava com um mundo alternativo, Belchior viviam a realidade de uma ditadura militar; enquanto Raul se inspirava em artistas norte-ameticanos como Bob Dylan e Elvis, Belchior preferia se inspirar em uma realidade latina, como no trecho “Um tango argentino me vai bem melhor que um blues”.

À palo seco ainda foi regravada por nomes como Oswaldo Montenegro e as bandas Los Hermanos e Cidade negra.







Todos Os Olhos (Tom Zé) - Por Ellen Alves



Num país oprimido pela ditadura militar vigente na época, cantores e compositores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Belchior e Tom Zé “abusavam” de seu talento para driblar vigilância dos órgãos de censura. Com o intuito de expor a insatisfação que boa parte da população, e principalmente, a juventude, que nas palavras de Tom Zé no vídeo abaixo da música Todos os Olhos, estava excitadíssima com a tropicália, os artistas da época compunham músicas com teor contestador que passavam com certa facilidade pela censura


Além da música contestadora, o álbum homônimo, tinha uma capa considerada subversiva para época. A controversa capa do disco foi uma ideia irreverente, do então amigo de Tom Zé, Décio Pignatari. Em plena ditadura este sugere pregar uma peça nos censores, fotografando algo que parecia ser um “outro olho”, mas na verdade era apenas uma bola de gude no ânus de uma modelo.

                                   Todos os Olhos - Tom Zé 

De vez em quando
todos os olhos se voltam pra mim,
de lá de dentro da escuridão,
esperando e querendo
que eu seja um herói.

Mas eu sou inocente,
eu sou inocente,
eu sou inocente.

De vez em quando
todos os olhos se voltam pra mim,
de lá do fundo da escuridão
esperando e querendo
que eu saiba.

Mas eu não sei de nada,
eu não sei de ná,
eu não sei de ná.

De vez em quando
todos os olhos se voltam pra mim,
de lá do fundo da escuridão
esperando que eu seja um deus
querendo apanhar, querendo que eu bata,
querendo que eu seja um Deus.

Mas eu não tenho chicote,
eu não tenho chicote,
eu não tenho chicó.

Mas eu sou até fraco,
eu sou até fraco,
eu sou até fraco.




Fontes bibliográficas:    Wikipédia e Vagalume 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Divino e Maravilhoso (Gil e Caetano) - Por: Thamires Lopes

(Imagem: Internet)
“O ano era 1968. Caetano Veloso, expoente-mor da Tropicália, brigava com o público no III Festival da Canção. A reação da plateia ao seu "É Proibido Proibir" não foi das melhores, e a revolta do baiano foi justamente por não visualizar sua mensagem recebida. Os urros e vaias dos ouvintes impediam que o discurso anti-censura de Caetano fosse concebido como objeto de protesto naqueles anos de chumbo.

A música brasileira decididamente não era mais a mesma - além da leveza da Bossa Nova e todo o movimento da Jovem Guarda, as poesias reacionárias do movimento tropicalista causaram desde então um ruído poderoso. Os seus representantes - Gil, Caetano, Bethânia, Tom Zé, Mutantes foram endeusados e amaldiçoados ao mesmo tempo, e chegava a ser constante a quantidade de vaias e aplausos que paradoxalmente obtiam em suas manifestações artísticas.

No mesmo 68, contudo, outra música de Caetano, dessa vez composta em parceria com Gilberto Gil, conseguiu imprimir um outro discurso, que, a despeito de ter sido no calor do auge da Tropicália, ainda se faz oportuno a cada audição, nos dias de hoje. "Divino Maravilhoso" coroou o lançamento do disco de maior manifesto dos Tropicalistas, o "Tropicália ou Panis Et Circenses", no mesmo ano, com participações de Nara Leão, Gal Costa e dos Mutantes. Gal já vinha construindo sua imagem de boa moça que cantava bossa sentada num banquinho - Caetano lhe ofereceu a canção e perguntou como ela queria cantá-la: "de uma forma nova, explosiva, de uma outra maneira'. Gil se comprometeu a fazer um arranjo à altura e a moça foi projetada para todo o Brasil em Novembro do mesmo ano, ao interpretá-la no Festival da Música Brasileira, da TV Record. Causou uma estranheza inicial no público - Gal estava incrível - agressiva e cantando de forma quase irreconhecível, caprichando nos agudos e explorando sem limites toda potencialidade de sua voz. Também houve uma ruptura total de sua imagem bem comportada: polemizou com cabelo black power e colares bufantes, numa atmosfera completamente hippie. Aos poucos, suavizado pelo primeiro impacto - o público relaxou e começou a aplaudir a grandiosidade da apresentação. A mensagem era, finalmente, transmitida e entendida - atenção para o palavrão, para a palavra de ordem - tudo é perigoso, tudo é divino e maravilhoso. O jogo de paradoxos se fez oportuno e eternizou uma das melhores músicas já produzidas na música popular brasileira. E o referido episódio mostra que a maneira de se c(a)ontar é tão importante quando o conteúdo...”
                                                                                                                               (Site: Entulho)




Atenção / Ao dobrar uma esquina /  Uma alegria
Atenção, menina / Você vem / Quantos anos você tem?

Atenção / Precisa ter olhos firmes / Pra este sol /
Para esta escuridão

Atenção / Tudo é perigoso / Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão

É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte

Atenção/ Para a estrofe, para o refrão
Pro palavrão / Para a palavra de ordem

Atenção / Para o samba exaltação
Atenção / Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso / Atenção para o refrão

É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte

Atenção / Para as janelas no alto
Atenção / Ao pisar no asfalto mangue
Atenção / Para o sangue sobre o chão

É preciso estar atento e forte/ Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte

Atenção / Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso / Atenção para o refrão

É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte


Divino maravilhoso é uma canção que nos mostra o quanto o movimento sofria sérias represálias. A ditadura estava em seu auge, e todos deveriam ter a atenção na hora de se expressar, pois qualquer expressão poderia ser motivo de prisão, exílio ou extermínio.

Com isso a letra diz em sua primeira estrofe: “Atenção /Ao dobrar uma esquina / Uma alegria / Atenção, menina / Você vem / Quantos anos você tem?
Atenção / Precisa ter olhos firmes / Pra este sol / Para esta escuridão”

Já em sua terceira estrofe, temos uma forte metáfora nos dizendo o quanto tudo é maravilhoso, aos olhos governamentais da época, já que tudo que era divulgado, toda expressão era controlada e monopolizada perante o que o governo queria. Por isso a citação de que tudo era perigoso, pois se alguém saísse fora da linha determinada pela ditadura, sofreriam sérias conseqüências. “Atenção /Tudo é perigoso /Tudo é divino maravilhoso / Atenção para o refrão”

Em sua quarta estrofe, podemos dizer que os compositores pediam para que aqueles que eram contra todo essa ação governamentalista e militarista, ficassem fortes e firmes, para não temerem as conseqüências e assim ir contra todas as represálias e direcionamentos dados pela ditadura.

 É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte / É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte.

E assim segue a canção, explicitando que tudo é “Divino e Maravilhoso” aos olhos dos governantes e militares, resultado da “limpa” que os mesmo faziam dia após dia no país - pois até a música brasileira estava presa nas garras militantes-, para que tudo ficasse dentro de padrões ditados para os cidadãos da época. Com avisos de cuidados, mas também com motivação para serem fortes e não deixarem com que a ditadura os guiassem, para que as expressões não sejam escondidas e que não temessem as conseqüências, na esperança da mudan
ça.

A música então tornou-se um programa televisivo, de mesmo nome, comandado por Gil e Caetano, semanalmente. O programa
acabou gerando manifestações de repúdio da ala mais conservadora e careta da sociedade. Pais de família escreviam cartas cheias de ira para a direção do programa e políticos de cidadezinhas do interior se revoltaram com o que chamaram de “agressões”.

O “Divino, Maravilhoso”, acontecia todas as segundas-feiras, ao vivo, tinha auditório livre para o público e cenário mutante. Eles receberam nos programas convidados, como Mutantes, Tom Zé, Torquato Neto, Nara Leão, Juca Chaves e Paulinho da Viola, entre outros
.


Programa Divino e maravilhoso (Imagem: Internet) 
Bibliografia:
Site:  Entulho
Site:  Tropicalia

Todos os olhos - Tom Zé ( CAMILA GLEICE ROCHA )



Não podemos começar a falar da música sem antes falar da capa do álbum, uma ideia irreverente, do então amigo de Tom Zé, Décio Pignatari, que em plena ditadura sugeriu pregar uma peça na censura que assolava o Brasil fotografando algo que parecia ser um “outro olho” (um ânus para ser mais exato), mas na verdade era apenas uma bola de gude na boca de uma modelo. A capa de Todos Os Olhos é tema de inflamadas discussões até hoje.

    Capa do Álbum Todos os Olhos de Tom Zé; ano de lançamento: 1973.

                               


Sobre a música...
Um samba meio esquisito, com violões de 12 cordas e uma letra tomzeana. "De vez em quando todos os olhos se voltam prá mim / De lá de dentro da escuridão / Esperando e querendo apanhar / Querendo que eu bata / Querendo que eu seja um Deus."
Como pano de fundo, há o conflituoso cenário político da época marcado pela repressão militar do governo brasileiro.
Apesar do seu trabalho realizado na década de 1970, tanto no aspecto criativo e de cunho contestador, Tom Zé não se caracterizou por um grande sucesso de público e nem pelo fácil entendimento de suas experimentações musicais.
Todos os Olhos demonstrava ousadia e apresentava características experimentais que causavam estranhamento num primeiro contato com a obra, o distanciou dos meios de comunicação, mas o fez escutado pelos melhores ouvidos do país.
Neste ponto se discute duas formas interessantes de comportamento das gravadoras na época. Para alcançar objetivos lucrativos, as companhias optavam por produções musicais mais populares, de sucesso mais imediato. Entretanto, havia o nicho de consumo ligado a um público de “bom gosto”, as empresas fonográficas abriam espaço para artistas diferenciados em sua produção musical, gravadoras como a Continental, que lançou na época três álbuns de Tom Zé. Se não houvesse essa mentalidade por parte das gravadoras, artistas como Tom Zé, Walter Franco, Jards Macalé, que tinham pouco apelo popular, não teriam espaço para apresentar sua obra artística e crítica na época da Ditadura.



Todos os Olhos - Tom Zé


De vez em quando

todos os olhos se voltam pra mim,
de lá de dentro da escuridão,
esperando e querendo
que eu seja um herói.

Mas eu sou inocente,

eu sou inocente,
eu sou inocente.

De vez em quando

todos os olhos se voltam pra mim,
de lá do fundo da escuridão
esperando e querendo
que eu saiba.

Mas eu não sei de nada,
eu não sei de ná,
eu não sei de ná.

De vez em quando

todos os olhos se voltam pra mim,
de lá do fundo da escuridão
esperando que eu seja um deus
querendo apanhar, querendo que eu bata,
querendo que eu seja um Deus.

Mas eu não tenho chicote,

eu não tenho chicote,
eu não tenho chicó.

Mas eu sou até fraco,

eu sou até fraco,
eu sou até fraco.









Bibliografia


http://www.rbec.ect.ufrn.br/data/_uploaded/artigo/N3/RBEC_N3_A2.pdf

Artigo As inovações de Tom Zé na linguagem da canção popular dos anos 1970.

https://www.youtube.com/watch?v=QBTYAEqaF1E

http://letras.mus.br/tom-ze/164919/

http://musicaestranhaeboa.blogspot.com.br/2007/12/artista-tom-z-lbum-todos-os-olhos.html





quinta-feira, 22 de maio de 2014

Todos os olhos - Tom Zé - Bruna Miranda

A ideia da capa é do poeta concretista Décio Pignatari, que decidiu ironizar com a censura da ditadura militar da época. 



Tempo de ditadura. Toda a produção cultural, letras, músicas e arte-final do LP passam por censores antes de ir às lojas. Apesar da noite no “Retiro Rodoviário” não ser a única necessária para conseguir a foto da capa do disco, um ano depois dela Todos os Olhos vem ao mundo.Os censores não atinaram para o que seria aquele fundo róseo com uma gema ao centro. Ainda bem. Tom Zé, o artista tropicalista, sabia que a circunferência no centro da capa era uma bolinha de gude. A repousar sobre uma parte verdadeiramente íntima do corpo humano, aquela mais abaixo do final das costas.A idéia – de assombrosa afronta à censura – foi do poeta vanguardista Décio Pignatari, grande amigo de Tom Zé. Não eram tempos de brincar com a sorte. E toda a equipe de criação do álbum guardou muito bem o segredo.
Então começam os cavacos e a faixa título, Todos Os Olhos. Um samba meio esquisito, com violões de 12 cordas e uma letra tomzeana. "De vez em quando todos os olhos se voltam prá mim / De lá de dentro da escuridão / Esperando e querendo apanhar / Querendo que eu bata / Querendo que eu seja um Deus."

Fazendo referencia a ditadura, mostrando o violão e o estilo tropicalia, referindo que os olhos da ditadura se voltam para ele, falando da escuridão que os músicos vivem .


Referencia bibliográfica

http://www.tomze.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9&Itemid=45

http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/blog/2012/08/30/classico-de-tom-ze-tem-mesmo-um-anus-na-capa-diz-fotografo/

http://guia.folha.uol.com.br/shows/2013/12/1377982-tom-ze-revisita-polemico-album-que-provocou-a-ditadura-militar.shtml



sábado, 17 de maio de 2014

Aquele Abraço (Gilberto Gil) - MAYARA CARDOSO


A canção foi produzida para fazer uma homenagem a cidade fluminense, mas também para criticar a ditadura militar que ocorria em 1969, ano em que a música foi escrita. Gil ao ser libertado do quartel no Realengo, no qual passou sessenta dias preso, retornou em uma quarta-feira de Cinzas ao seu povo e a sua cidade e nesse clima de volta ele foi deixando seu “abraço” de uma maneira especial ou irônica a todos aqueles que marcaram sua existência, assim nasceu a canção Aquele Abraço. Na segunda estrofe da canção, o principal signo é o do comunicador Chacrinha um dos homenageados por Gil em sua música, pois sua atuação foi fundamental não só no período histórico, no qual a música foi composta, como também pela função que o apresentador da Tv Tupi desempenhava no país na época. No cenário político, Chacrinha ocupava um espaço polêmico. Era taxado por segmentos de esquerda como alienado. Seu humor de duplo sentido, por outro lado, também não agradava o governo militar e a direita conservadora. Chacrinha foi o retrato do povo brasileiro.

A canção não só expressa a indignação de Gilberto Gil à ditadura da época, como também claramente faz uma crítica à sociedade brasileira. Gil por meio dos versos da música desenha uma imagem perfeita do Rio de Janeiro e demonstra sua grande felicidade pela liberdade alcançada, após ser encarcerado em uma prisão do Realengo

Aquele Abraço
O Rio de Janeiro continua lindo,
O Rio de Janeiro continua sendo,
O Rio de Janeiro, fevereiro e março,
Alô, alô, Realengo, aquele abraço.
Alô torcida do Flamengo, aquele abraço.

Chacrinha continua balançando a pança,
E buzinando a moça e comandando a massa,
E continua dando as ordens do terreiro.
Alô, alô, seu Chacrinha, velho guerreiro.
Alô, alô, Teresinha, Rio de Janeiro.
Alô, alô, seu Chacrinha, velho palhaço.
Alô, alô, Teresinha, aquele abraço.

Alô moça da favela, aquele abraço.
Todo mundo da Portela, aquele abraço.
Todo mês de fevereiro, aquele passo.
Alô Banda de Ipanema, aquele abraço.
Meu caminho pelo mundo, eu mesmo traço.
A Bahia já me deu régua e compasso.
Quem sabe de mim sou eu, aquele abraço.
Pra você que me esqueceu, aquele abraço.
Alô Rio de Janeiro, aquele abraço.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cálice ( Chico Buarque e Gilberto Gil) - Henrique Nunes

Cálice - Chico Buarque



Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Na música Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, o trecho "( Pai, afasta de mim esse cálice/ De vinho tinto de sangue)", evidencia todo o regime autoritário vivido na época da ditadura militar. Na verdade, a palavra " cálice", nada mais é do que uma alusão ao verbo calar, no imperativo, que exprime toda a repressão e opressão da época com a consequente ausência da  liberdade de expressão. O vinho tinto de sangue citado no fim da estrofe, refere- se às torturas e mortes ocorridas no período.
No trecho " ( Essa palavra presa na garganta) ", também fica evidente a ausência da liberdade de expressão imposta na  ditadura. Havia o desejo de se manifestar contra a repressão, porém quem o fizesse seria vítima das barbaridades da época.

Fontes: http://analisedeletras.com.br/chico-buarque/calice/
             http://letras.mus.br/chico-buarque/45121/
             http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1lice_(can%C3%A7%C3%A3o)

             

Tropicália - Caetano Veloso / Por: Gabriel Lopes

Análise da música: Tropicália (Caetano Veloso / 1967)

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém...
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da

Ambientada na época, a música Tropicália de Caetano Veloso procura trazer diversas críticas ao ditador da época, mediante a Ditadura Militar. Como marca das músicas da época histórica, Caetano se utiliza de metáforas para que a censura não proíba que sua música fosse tocada nos festivais e assim pudesse criticar o governo e outros movimentos, assim como apresentar a Tropicália para o povo, como um movimento moderno e que exaltava as características do povo brasileiro.
Na primeira estrofe, Caetano já começa a se remeter a situação da época, com a criação das montadoras estrangeiras de automóveis e sobre a aviação brasileira, também em constante crescimento no país. (Sobre a cabeça os aviões/ sob os meus pé, os caminhões).

Na segunda estrofe teremos uma crítica mais severa e mais trabalhada. "E no joelho uma criança sorridente, feia e morta estende a mão": Nordeste brasileiro. Embasando-nos no mapa do Brasil, é exatamente no Nordeste que temos uma uma forma semelhante com um joelho dobrado, onde crianças passam fome, abandonadas e esquecidas pelo governo.
No segundo refrão, podemos perceber o jogo fonético que nos leva à ideia de sons de uma metralhadora (ta, ta, ta, ta), símbolo representante da morte pelo genocídio. Uma crítica também ao período de mortes ocasionadas pela ditadura, onde quem era contrário ao movimento ditatorial, era rapidamente caçado.
 Em um próximo refrão, temos um jogo de palavras, utilizando do fonema "ia"; que repetido diversas vezes dá a impressão de estar falando "ai", remetendo exatamente a sonoridade contrária a sílaba. Isso é remtido aos gritos de dor nas torturas e mortes cometidas pelo governo ditatorial, claro que, se Caetano optasse por deixar o grito de dor, a censura logo cortaria o trecho e sua música não ficaria completa.
Na quarta estrofe , ideologicamente, ele nos mostra que a crítica acentuada é feita diretamente ao alvo: o presidente da República, o militar ditador. No pulso esquerdo o bang-bang, simboliza o poder; em suas veias corre muito pouco sangue, percebe-se a crítica à falta de sensibilidade do governante aqui criticado, que não se emociona ao ver a situação em que está seu país. Mas seu coração balança um samba de tamborim, mostra que, apesar dos problemas, o governante comemora sua posição, seu poder, sem se preocupar com o povo sofrido. No final dessa estrofe, ele põe os olhos grandes em mim, o sujeito-autor muda o foco da primeira pessoa que inicia o discurso. De poderoso a combatido, essa pessoa denuncia ser o alvo das perseguições, ele se coloca como um perseguido, um sujeito que deve se calar, que não tem o direito de abrir a boca para criticar, pois estão de olho nele.
Finalmente, na última estrofe, as metáforas remetem ao povo, suas alegrias e tristezas. O trabalhador que enfrenta a semana de pesado trabalho para garantir o sustento, com dificuldade."Domingo é o fino-da-bossa", é o único dia em que o trabalhador pode ter um pouco de alegria, vai aproveitar a vida. Segunda-feira está na fossa, porque tem que trabalhar. Aqui o autor materializa a cultura do povo brasileiro e o trauma desse dia da semana, que literalmente indica o fim do descanso e o início da labuta. E pede tudo isso, no final, com mais um jogo fonético: banda, da, da, (...) Carmen Miranda, da, da, da, da. Este jogo remete a usurpação da imagem de Carmen Miranda, levada pela cultura norte-americana, sendo muitas vezes confundida como cidadã americana e não mais brasileira, como realmente era. 

Bibliografia:
http://letras.mus.br/caetano-veloso/44785/
http://analisedeletras.com.br/caetano-veloso/tropicalia/
http://www.webartigos.com/articles/6206/1/a-tropicalia-e-a-analise-de-seu-dicurso/pagina1.html

Alegria, Alegria de Caetano Veloso


Alegria, Alegria é o nome da música composta por Caetano Veloso em 1967, que marcou o inicio do movimento Tropicalista.
 
Letra:

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes,
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e brigitte bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento,
Eu vou

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não...


A música com um tom alto-astral questionava as ideias e tensões do "cidadão comum" que lutava contra a ditadura. No verso "sem lenço, sem documento", o compositor faz uma crítica à norma que proibia as pessoas de saírem sem portar documento na época.
 
Confira abaixo a apresentação de Alegria, Alegria pela primeira vez no Festival Record.



Fontes:
http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/alegria-alegria.html#ixzz31V78eVZa
http://tropicaliaepoesia.arteblog.com.br/228548/Analise-da-musica-Alegria-Alegria-de-Caetano-Veloso/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alegria,_Alegria 

Por: Maria Victória

Coqueiro Verde, 1970

Postado por: Elaine Lima

Erasmo Carlos/ Roberto Carlos

Em frente ao coqueiro verde
Esperei uma eternidade
Já fumei um cigarro e meio
E Narinha não veio
Como diz Leila Diniz
O homem tem que ser durão
Se ela não chegar agora
Não precisa chegar
Pois eu vou me embora
Vou ler o meu Pasquim
Se ela chega e não me vê
Sai correndo atrás de mim


 Interpretação:
Erasmo em Parceria com Roberto Carlos, eram criticados na época por cantar e compôr rock e de serem americanizados. Coqueiro Verde foi o primeiro samba-rock gravado por Erasmo. Valendo-se engajado da pós-ditadura.
A ditadura militar tentou vetar ou dificultar a livre circulação de idéias no Brasil e a censura. A música foi uma de suas vítimas mais notórias, que atingiu as grandes massas, ousando a falar o que não era permitido  à nação.


 http://www.vermelho.org.br/noticia/159935-11

Alegria, Alegria - 

Caetano Veloso - 1967 - 
Por Andresa Martins

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento
Eu vou
Eu tomo uma Coca-Cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não
Por que não, por que não
Por que não, por que não
Por que não, por que não
Interpretação:
A canção foi um dos marcos iniciais do movimento tropicalista em 1967. A single foi lançada (com Remelexo no lado B) em 1967 e também integrou o álbum Caetano Veloso, do mesmo ano.
O nome da música veio, por sua vez, de um bordão que o cantor Wilson Simonal utilizava em seu programa na TV RecordShow em Si... Monal. O cantor baiano aproveitaria para intitular também de Alegria, Alegria seu álbum que saíria em novembro de 1967, assim como os próximos três.
A música é uma das grandes representantes do tropicalismo. Caetano Veloso exultou a felicidade, a alegria. Convocou uma resistência afirmativa, construtiva. O tom-astral da música chama à vida e vai contra a principal prática dos adeptos da ditadura: a morte.
O compositor deixou claro o rompimento com um certo estilo de vida até então adotado e a música tornou-se a expressão do jovem, o seu descaminho como a sua forma de manifestação.
A música apresenta uma superposição de estilos musicais: uma marchinha e acordes de rock´n´roll, o que, naquele momento histórico, revela-se como um contraste à Bossa Nova, cujas canções eram redondas e as vozes internas dos acordes alterados fluíam com naturalidade. A canção, no entanto, como legítima representante do Tropicalismo, mostra-se diferente e busca a evolução da música popular brasileira.
Fonte:
http://tropicaliaepoesia.arteblog.com.br/228548/Analise-da-musica-Alegria-Alegria-de-Caetano-Veloso/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alegria,_Alegria

Tropicália - Caetano Veloso por Sabrina Mouza


"Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes,
Escreveu uma carta ao rei:
Tudo que nela se planta,
Tudo cresce e floresce.
E o Gauss da época gravou".
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém...
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da

Interpretação:
Faz uma crítica a política brasileirada época, quando afirma, no início da música "Tropicália", que "eu oriento o carnaval (...) no planalto central do país", fazendo uma referência a Brasília como algo similar a uma festa anárquica. O sujeito da música fala que é dono de suas próprias atitudes e faz metáfora sobre o povo brasileiro tão humilhado em "sob os meus pés os caminhões" Faz crítica também ao nordeste brasileiro onde crianças sofrem e passam fome. Em " E no joelho uma criança, sorridente, feia e morta estende a mão."
fonte: tropicalismo-antropofagia.arteblog.com.br

domingo, 11 de maio de 2014

GELÉIA GERAL - Gilberto Gil

Apresentada em 1967, esta música rendeu a Gil uma prisão em 1968. Ela mostra a mistura de culturas e muitas deles compõem a música.

O trecho:
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi


Tem referência ao estrangeiro, ao Rock and Roll odiado pelos jovens de esquerda representado pelo constante "iê iê iê" repetido várias vezes durante a música e remete ao "The Beatles" e o "Bumba" e "boi" referentes a cultura do Brasil. A ideia do tropicalismo é muito bem representada nesta música e trecho, pois como já fora dito, mistura culturas, mais precisamente, a nacional e internacional e inovações estéticas (com relação a "mesma dança") e com isso tudo, causa uma crítica social, que não era muito bem vista na época pela maioria, mas ainda assim, a música se mantinha criativa e poética. 

Confira a música toda: 
Um poeta desfolha a bandeira
E a manhã tropical se inicia
Resplendente, cadente, fagueira
Num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira
Que o jornal do Brasil anuncia
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
"A alegria é a prova dos nove"
E a tristeza é teu Porto Seguro
Minha terra é onde o Sol é mais limpo
Em Mangueira é onde o Samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem
Pindorama, país do futuro
Ê bunba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bunba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
É a mesma dança na sala
No Canecão, na TV
E quem não dança não fala
Assiste a tudo e se cala
Não vê no meio da sala
As relíquias do Brasil
Doce mulata malvada
Um LP de Sinatra
Maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano
Super poder de paisano
Formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela
Carne seca na janela
Alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade
Hospitaleira amizade
Brutalidade, jardim
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
Plurialva, contente e brejeira
Miss linda Brasil diz: "Bom Dia"
E outra moça também, Carolina
Da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos
E a saúde que o olhar irradia
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
Um poeta desfolha a bandeira
E eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento
Com o roteiro do sexto sentido
Faz do morro, pilão de concreto
Tropicália, bananas ao vento
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
Ê bumba iê iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê iê iê
É a mesma dança, meu boi
É a mesma dança, meu boi
É a mesma dança, meu boi

fontes: EBC & Tropicália

POR: Jennifer Nunes